Alfredo
trafegava pela Rodovia da Anhanguera, retornando para São Paulo, já era quase
uma 1:00 h da madrugada de uma sexta-feira, a estrada estava praticamente vazia, ainda faltavam uns 300
quilômetros e o sono começou a pegar.
Em vez
de parar e descansar, acreditou na sua capacidade física e na sua perícia como
motorista, abaixou um pouco os vidros, aumentou o som, como o seu carro tinha
GPS que indicava a localização dos radares, acreditou que se andasse acima do
limite de velocidade permitido, isso lhe aumentaria a concentração.
Viajando
agora em alta velocidade, aparentemente o sono tinha dispersado, mas bastou uma
piscada mais demorada, não mais que dois segundos, ao abrir os olhos, não teve
tempo de reação, um cavalo atravessa a pista bem a sua frente, a 220 km/h., o
cavalo simplesmente adentrou ao carro, a BMW X7 ano 2020 de Alfredo, capotou 8
vezes antes de despencar de cima de uma ponte, caindo em um pequeno riacho.
Alfredo
ao recobrar a consciência, toma um susto ao dar de cara com a cabeça do cavalo ao
seu lado, sem saber como, consegue deixar a cabine, olha para o seu carro, que
estava completamente destruído, nem ele próprio acreditava ter sobrevivido ileso
a esse acidente e inexplicavelmente estava se sentindo muito bem.
Leva
as mãos aos bolsos, estava sem o celular e a carteira, lembrou que a estrada
estava vazia, provavelmente ninguém presenciou ao acidente, resolveu subir a
encosta utilizando-se da estrutura da ponte, fato esse que também o surpreendeu
dado a facilidade com que superou o obstáculo, inicialmente achou até que não
conseguiria. Ao chegar a estrada, ela continuava vazia, tirou a camisa que era
branca e ficou aguardando que algum carro passasse, não demorou, um caminhão vinha
em sua direção, começou agitar a camisa, estava praticamente no limite entre o
acostamento e a estrada, seria impossível o motorista não vê-lo, infelizmente o
caminhão não parou e assim outros veículos passaram por ele como se não
existisse.
Alfredo
já estava puto com os motoristas, pensava que deveriam estar com medo de
pararem, não conseguem perceber que eu estou com problemas, lembrou novamente
do celular, deveria estar dentro do carro, melhor voltar lá e procurá-lo.
Novamente
se surpreendeu com a facilidade com que conseguiu chegar até o carro, ao se abaixar
para entrar pela janela do carro, Alfredo leva um susto, que o fez por instinto
se jogar para trás. Ele acabará de ver a si mesmo, preso às ferragens.
Não é
possível! Estou morto.
Ficou
ali por mais umas duas horas, quando um motorista de caminhão avistou o corpo
do cavalo sem a cabeça no acostamento, logo imaginou que deveria ter acontecido
algum acidente, acionou o serviço de emergência da rodovia que descobriram o
carro de Alfredo.
Com
muito custo a equipe de socorro conseguiu chegar até o lugar onde estava o
carro, Alfredo sentado na grama com pernas encolhidas e abraçadas, a tudo
assistia completamente imóvel, parecia estar assistindo a um filme, quando um
dos socorristas parou bem a sua frente, abaixou-se olhou diretamente nos seus
olhos, não falou nada, levantou-se e foi ajudar ao outro socorrista que tirava
o corpo de dentro do carro, o colocaram deitado na grama, pegaram o desfibrilador
e começaram a fazer as manobras padrões de ressuscitamento, de repente um dos
socorristas grita, ele está vivo, imediatamente Alfredo começa a sentir dores
terríveis e como por milagre novamente está dentro daquele corpo agora completamente
destruído.
Passados
quase três meses, Alfredo recebe alta do Hospital e é recebido com muito amor
por seus familiares, nascia ali um homem completamente diferente.
Pensava
consigo mesmo, um dia ainda irei ao encontro daquele socorrista que o avistou
fora do seu corpo.
Silvio
Klinguelfus Junior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário