Deus tocou o meu coração e minha alma,
abrindo meus olhos para a verdadeira essência da vida.

16 de maio de 2020

VIAJANDO EM ALTA VELOCIDADE...




Alfredo trafegava pela Rodovia da Anhanguera, retornando para São Paulo, já era quase uma 1:00 h da madrugada de uma sexta-feira, a estrada estava  praticamente vazia, ainda faltavam uns 300 quilômetros e o sono começou a pegar.

Em vez de parar e descansar, acreditou na sua capacidade física e na sua perícia como motorista, abaixou um pouco os vidros, aumentou o som, como o seu carro tinha GPS que indicava a localização dos radares, acreditou que se andasse acima do limite de velocidade permitido, isso lhe aumentaria a concentração.

Viajando agora em alta velocidade, aparentemente o sono tinha dispersado, mas bastou uma piscada mais demorada, não mais que dois segundos, ao abrir os olhos, não teve tempo de reação, um cavalo atravessa a pista bem a sua frente, a 220 km/h., o cavalo simplesmente adentrou ao carro, a BMW X7 ano 2020 de Alfredo, capotou 8 vezes antes de despencar de cima de uma ponte, caindo em um pequeno riacho.

Alfredo ao recobrar a consciência, toma um susto ao dar de cara com a cabeça do cavalo ao seu lado, sem saber como, consegue deixar a cabine, olha para o seu carro, que estava completamente destruído, nem ele próprio acreditava ter sobrevivido ileso a esse acidente e inexplicavelmente estava se sentindo muito bem.

Leva as mãos aos bolsos, estava sem o celular e a carteira, lembrou que a estrada estava vazia, provavelmente ninguém presenciou ao acidente, resolveu subir a encosta utilizando-se da estrutura da ponte, fato esse que também o surpreendeu dado a facilidade com que superou o obstáculo, inicialmente achou até que não conseguiria. Ao chegar a estrada, ela continuava vazia, tirou a camisa que era branca e ficou aguardando que algum carro passasse, não demorou, um caminhão vinha em sua direção, começou agitar a camisa, estava praticamente no limite entre o acostamento e a estrada, seria impossível o motorista não vê-lo, infelizmente o caminhão não parou e assim outros veículos passaram por ele como se não existisse.

Alfredo já estava puto com os motoristas, pensava que deveriam estar com medo de pararem, não conseguem perceber que eu estou com problemas, lembrou novamente do celular, deveria estar dentro do carro, melhor voltar lá e procurá-lo.

Novamente se surpreendeu com a facilidade com que conseguiu chegar até o carro, ao se abaixar para entrar pela janela do carro, Alfredo leva um susto, que o fez por instinto se jogar para trás. Ele acabará de ver a si mesmo, preso às ferragens.

Não é possível! Estou morto.

Ficou ali por mais umas duas horas, quando um motorista de caminhão avistou o corpo do cavalo sem a cabeça no acostamento, logo imaginou que deveria ter acontecido algum acidente, acionou o serviço de emergência da rodovia que descobriram o carro de Alfredo.

Com muito custo a equipe de socorro conseguiu chegar até o lugar onde estava o carro, Alfredo sentado na grama com pernas encolhidas e abraçadas, a tudo assistia completamente imóvel, parecia estar assistindo a um filme, quando um dos socorristas parou bem a sua frente, abaixou-se olhou diretamente nos seus olhos, não falou nada, levantou-se e foi ajudar ao outro socorrista que tirava o corpo de dentro do carro, o colocaram deitado na grama, pegaram o desfibrilador e começaram a fazer as manobras padrões de ressuscitamento, de repente um dos socorristas grita, ele está vivo, imediatamente Alfredo começa a sentir dores terríveis e como por milagre novamente está dentro daquele corpo agora completamente destruído.

Passados quase três meses, Alfredo recebe alta do Hospital e é recebido com muito amor por seus familiares, nascia ali um homem completamente diferente.

Pensava consigo mesmo, um dia ainda irei ao encontro daquele socorrista que o avistou fora do seu corpo.

Silvio Klinguelfus Junior.
  










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