Deus tocou o meu coração e minha alma,
abrindo meus olhos para a verdadeira essência da vida.

27 de setembro de 2020

A VIDA E SEUS MISTÉRIOS...

 

Em uma casinha simples, assim como tantas outras no Estado do Paraná que são feitas de madeira, por serem um excelente isolante térmico, perfeita para os períodos de extremo frio naquela região do país.

 

Pai, mãe e filho viviam o sonho de todo pequeno agricultor, conseguir sobreviver com aquilo que produzem.

 

Nessa vida simples o radinho de pilha era companheiro inseparável o pequeno Samuel que mais parecia um curió de tanto que gostava de cantarolar, adorava as modas de violas, mesmo aos cinco anos de idade, sabia todas de cor.

 

O seu talento impressionava aos seus pais, que sabiam estar diante de um gênio, mesmo quando a pequena rádio do interior tocava algumas músicas estrangeiras ele sabia cantá-las e era capaz de assobiar com perfeição as músicas clássicas que ouvia incansavelmente na pequena vitrola que ganhou de presente de aniversário dos seus avós, juntamente com alguns discos de vinis que continham as maiores obras primas.

 

A vida seguia tranquila para o pequeno Samuel, até que o inesperado acontece naquele ano de 1.992, um tornado de proporções gigantescas assolou a região da pequena cidade de Almirante Tamandaré – PR., o pai ao ver o tornado se aproximando, levou a esposa e filho para um pequeno porão que ficava abaixo da casa, ficando o pai deitado por sobre os dois, infelizmente a casa de madeira não aguentou e desmoronou, uma viga do telhado caiu com tanta força que varou o alçapão do porão, vindo a ferir mortalmente aos pais do Samuel que somente sobreviveu por centímetros.

 

Ali preso nos escombros, por debaixo dos corpos dos seus pais, esperou por quase três dias até que o resgatassem, nesse período, a sua companhia fora um rádio que funcionou sem parar, trazendo mensagens de esperanças, músicas que Samuel nunca as tinha ouvido, mas que calavam fundo ao seu coração, jurava ouvir seus pais através do rádio, dizendo que estavam bem e que a ajuda logo viria, e que mesmo de longe sempre estariam junto com ele e que o seu futuro embora fosse em terras distantes e no idioma dos seus avós, logo ele estaria de volta para ajudar muitas pessoas.

 

As horas iam passando e o pequeno Samuel como se confortado, já não se sentia tão só, quando os vizinhos da propriedade rural conseguiram finalmente chegar até a ele, se espantaram com a sua coragem. Samuel parecia ser um adulto, tamanha era a sua força moral.

 

Contou aos seus socorristas como tudo aconteceu e as histórias que ouviu no rádio, porém, o único rádio que encontraram naquele porão, era um velho, aparentemente quebrado e que não era alimentado por pilhas e sim por eletricidade, o que toda a região estava sem, desde o dia da passagem do tornado. Imaginaram que o pequeno Samuel estava em choque e que havia imaginado tudo aquilo.

 

Seguindo as orientações que lhe foram passadas, Samuel pediu para ir morar com a tia, irmã da sua mãe, o que não lhe foi negado e assim seguiu para a Curitiba – PR. Sua tia era extremamente amorosa e se parecia muito com a sua mãe, ela o recebeu como filho e além das afinidades entre parênteses próximos, os dois tinham o amor pela música em comum, sua tia cantava muito bem e o seu tio tocava na Orquestra Sinfônica do Paraná, criada então a pouco mais de cinco anos.

 

Assim nessa família musical ele se desenvolveu musicalmente, compondo aquelas músicas que ouviu quando estava soterrado, o seu tio no início o ajudava a transformá-las em notas musicais, mas, logo Samuel fazia tudo sozinho e com extrema destreza, e aos 10 anos de idade, após participar e ganhar um concurso para novos talentos, teve a sua primeira obra executada pela Orquestra Sinfônica do Paraná.

 

Um grande maestro internacional havia sido convidado a participar como jurado naquele concurso e se espantou com a qualidade daquela música, obviamente se interessou em conhecer o autor, ao se deparar com as outras obras do pequeno Samuel, se encantou e imediatamente o convidou juntamente com a sua família para irem morar com ele em Berlim, na Alemanha.

 

Novamente a vida do pequeno Samuel muda completamente, e mesmo assim, ele seguia seguro, não titubeou nem um pouco quando o contive chegou, os seus tios sabiam que estavam diante de um pequeno gênio e igualmente não tiveram medo em aceitar ao convite.

 

A vida em Berlim foi repleta de alegrias, Samuel dominou o idioma imediatamente, bem como os seus tios que assim como ele tinham origem germânica e já eram familiarizados com a língua, haja vista, seus avós e pais se comunicarem no idioma da terra materna.

 

Inacreditavelmente mesmo sendo na atualidade um dos maiores compositores de músicas clássicas no mundo, Samuel não é reconhecido no Brasil.

 

Hoje aos trinta e três anos de idade, divide o seu tempo entre a Capital Alemã e a pequena Almirante Tamandaré, no Estado do Paraná, e naquele mesmo sitio onde outrora morou e perdeu seus pais, fundou uma escola onde se ensina de tudo, da música clássica, passando pelo balé, indo até a leitura, navegando por histórias, contos e poemas, verdadeiro oásis da cultura que floresceu justamente onde tudo parecia ter terminado um dia.

 

A vida e seus mistérios...

Silvio Klinguelfus Júnior