Deus tocou o meu coração e minha alma,
abrindo meus olhos para a verdadeira essência da vida.

10 de janeiro de 2024

SÍNDROME DO PÂNICO.

Eram 5:30 h da madrugada e o despertador tocando sem parar, ao lado, sentada em sua cama abraçada aos joelhos, olhos arregalados e fixos na parede à sua frente, um olhar de terror consumia a sua alma, estava Anna.

 

De repente batidas fortes na porta, tiraram Anna do transe.

 

Seu pai batia firme a porta, ao mesmo tempo que mexia na maçaneta tentando abrir a porta, que se encontrava trancada.

 

Acorde, Anna! Está tudo bem? Acorde! Dizia seu pai, em sua voz um tom de preocupação, mas ao mesmo tempo firme.

 

Agora de volta a realidade, Anna ainda não conseguia se mexer.

 

E pode perceber quando o seu pai arrombou a porta do quarto, indo ao seu encontro.

 

Anna se pôs a chorar compulsivamente, vindo posteriormente a desmaiar.

 

Acordou em um quarto de hospital, onde descobriu que foi diagnosticada com Síndrome do Pânico.

 

Anna pensou, como ela uma psicóloga com diversas pós-graduações e um mestrado recém finalizado, poderia estar sofrendo do mesmo mal que a esmagadora maioria dos seus pacientes, como ela pode se deixar dominar assim, a ponto de entrar em surto.

 

Ao seu lado o seu velho pai, um médico psiquiatra que recentemente se aposentou, viúvo e um avô em período integral.

 

Anna logo adormeceu novamente, vindo a acordar apenas no dia seguinte. Ela acreditava ter sofrido um ataque cardíaco, não acreditava no diagnóstico de síndrome do pânico, tamanha era a dor em seu peito.

 

Após sofrer outro ataque de ansiedade e novamente sedada, seu pai resolveu tomar as rédeas da situação, não concordava com o tratamento que estava sendo ministrado na sua filha, e na qualidade de médico especialista, assumiu o tratamento mudando toda a medicação.

 

Logo Anna acordou se sentindo muito mal, seu pai conversou com ela, explicando que precisava reagir. Conseguiu colocá-la em pé e se movimentar um pouco, logo a levou para o banheiro e com o auxílio de uma cadeira de banho hospitalar, ajudou-a tomar um banho.

 

Logo Anna foi se sentindo melhor e recuperando a consciência plenamente.

 

O seu pai foi taxativo:

 

- Anna esses remédios que você vem tomando são muletas, li o seu prontuário médico, há tempos você está sendo erroneamente medicada. Não entendo como uma psicóloga renomada pode se utilizar deles.

 

- Pai, a pandemia acabou comigo, um caso pior do que outro, problemas atrás de problemas. No começo pedi ajuda para meus amigos psicólogos, mas eles estavam mal também, daí para não recorrer ao senhor, acabei me consultando com outro psiquiatra que me receitou esses medicamentos que leu em meu prontuário.

 

- Filha, devia ter vindo até mim, nós conversaríamos e encontraríamos uma saída juntos.

 

- O senhor tinha perdido a mamãe e estava com muita coisa na cabeça, não achei justo.

 

- Filha, eu só tenho você e ao seu filho. Vocês são tudo para mim. Por favor, a partir de agora, não me exclua mais da vida de vocês. Ok?

 

- Sim, Pai! O que fazemos agora?

 

- Vamos começar por trocar esses medicamentos para que não tenha novas crises como essas. Vou te acompanhar diariamente, tanto clinicamente, como através de exames laboratoriais.

 

- Ok!

 

Passados quase dois anos dessa conversa, Anna finalmente estava livre dos medicamentos e sentindo-se forte para seguir em frente.

 

Nesse período, por mais paradoxal que possa parecer, acabou se tornando uma psicóloga muito melhor, pois pela primeira vez em sua vida profissional, pode efetivamente sentir o que era estar do outro lado, literalmente no fundo do poço.

 

Anna, finalmente entendeu que nós somos além de corpo, ALMA. Que o binômio “ansiedade” e “depressão” é uma verdadeira bomba atômica, para o coração. O estresse (emoções) é a causa principal desses males, porém, a grande maioria dos médicos não o explicam, porque eles estão relacionados com a alma, portanto, em tese não é problema deles.

 

Em sua experiência, aprendeu que é essencial como iremos assimilar essas emoções (stress); e que tudo irá depender do grau de rigidez de cada um, ou seja, se não tivermos equilíbrio, basta apenas uma única emoção, para desencadear em nós um processo depressivo. Assim o principal para combater o stress, é o autoconhecimento; conscientizarmo-nos, que somos mais que matéria, que somos “alma”, que temos imperfeições; reconhecer as nossas falhas é o primeiro passo para o caminho da cura; mudarmos os nossos hábitos; renovarmo-nos, enxergarmos esses fatos marcantes, te tal forma que eles não nos preocupem mais.

 

Um beijo no coração e que Deus nos abençoe hoje e sempre.

 

Silvio K. Junior.

 

7 de janeiro de 2024

D O M I N G O

 Kleberson e Rosa formam um casal muito legal, eles combinam e concordam em quase tudo nessa vida, menos na religião que cada um professa e para o time de futebol que torcem.

 

Kleberson um evangélico convicto e Rosa uma católica muito atuante em sua paróquia.

 

Já no futebol, Kleberson é corinthiano e Rosa torce para o São Paulo.

 

E assim a vida conjugal deles segue no dia a dia, porém, existe o domingo.

 

E sempre aos domingos é inevitável a discussão entre eles, ela quer que Kleberson a acompanhe na missa logo cedo e ele quer que Rosa vá ao culto à noite e nesse ínterim tem os jogos de futebol.

 

Kleberson, nesses quase 5 anos de casados, nunca foi à missa com Rosa, ela por sua vez sempre o acompanhou aos cultos.

 

Situação que estava prestes a mudar, quis o destino que Corinthians e São Paulo se enfrentassem em um sábado à noite em um jogo do campeonato brasileiro que havia sido adiado e remarcado.

 

O casal resolveu fazer uma aposta, caso o Corinthians ganhasse, Rosa usaria a camisa do Corinthians durante o almoço de Domingo onde toda a família estaria presente, já se o São Paulo ganhasse, ele teria que acompanhá-la à missa de domingo de manhã.

 

Corinthians 1 x 2 São Paulo.

 

Naquela noite Kleberson não dormiu direito, tentando achar meios de escapar daquela enrascada, mas sabia que Rosa não iria aceitar um não.

 

E assim, sem saída, eles se arrumaram e seguiram para a Igreja.

 

Durante o trajeto, Kleberson, que estava no banco do passageiro, começou a sentir um calorão, ligou o ar-condicionado do carro ao máximo, Rosa estranhou, mas nem comentou, pois não queria que o marido achasse alguma desculpa para desistir de ir à missa com ela.

 

Kleberson seguia calado, estranhando o que vinha sentindo intimamente, mas também não queria falar nada para Rosa.

 

Ao chegarem à Igreja, logo os amigos vieram encontrá-los, depois dos cumprimentos, adentraram a Igreja o casal se acomodou a pedido de Kleberson no último banco.

 

Para surpresa de Rosa, o Padre naquele dia se dirigiu a ela e disse:

 

- Rosa, infelizmente a Luciene, passou mal essa noite e precisou se ausentar, você poderia me auxiliar durante a missa nas funções dela, uma vez que você sabe de cor todos os procedimentos.

 

Rosa, pensou por um instante, que iria deixar Kleberson sozinho, justamente nesse dia, ao mesmo tempo que não podia recusar ajudar ao padre, e respondeu:

 

- Claro, Padre. Vamos lá.

 

Se despediu de Kleberson, o padre pediu desculpas a ele que entendeu a situação sem nenhum problema.

 

Kleberson, sentado ali sozinho no último banco da Igreja, que naquele domingo não estava cheia, começou novamente a sentir um calorão, sua visão embaçou completamente por alguns poucos instantes, quando ela voltou, estranhou, pois parecia estar enxergando tudo em duplicidade, coçou os olhos, abriu e fechou várias vezes, depois tentou se levantar e não conseguiu.

 

Então respirou fundo, ao menos o calorão passou, pensou ele, consigo mesmo, a missa havia começado.

 

E ele seguia com a visão estranha, ao mesmo tempo que estava tudo muito nítido, como há muito ele não enxergava, parecia que ele estava vendo além.

 

Realmente ele estranhou que a Igreja agora estava lotada, havia muitas pessoas em pé, algumas iam e vinham apressadas pelo corredor.

 

Kleberson resolveu focar no padre, e pôde observar que uma luz roxa descia do teto da Igreja até a cabeça dele, que tinha ao seu lado diversas pessoas o auxiliando de uma forma estranha, algumas levantando as mãos em sua direção.

 

Ouvia perfeitamente o que o padre falava, pode observar que junto as primeiras três ou quatro fileiras da Igreja, que estavam cheias, uma luz muito brilhante, fazia o caminho inverso da luz que iluminava ao padre, ou seja, ela saia das pessoas que ali estavam em oração e subia em direção ao teto e se espalhava por toda a Igreja.

 

Aquela luz brilhante espargia um calor agradável a Kleberson, que relaxou ao ser atingido por ela.

 

Ele continuava, ali estático, porém, com seus sentidos mais aguçados do que nunca.

 

Pode ver que as pessoas que estavam em pé no corredor, auxiliavam aos que estavam sentados nos bancos, impondo-lhes as mãos igual faziam com o padre e até mesmo abraçando-os carinhosamente, inclusive aconteceu com ele, recebeu o abraço mais gostoso de toda a sua vida, mas sem que pudesse retribuí-lo.

 

É como se tudo isso tivesse acontecido em apenas poucos minutos, quando de repente ele ouve a voz de Rosa.

 

- Kleberson, vamos! A missa já terminou.

 

- Como assim, Rosa! Nem percebi o tempo passar.

 

- Imagina, hoje a missa demorou mais que o normal. O senhor deve ter dormido, isso sim. Qual foi o sermão do padre hoje, perguntou Rosa?

 

Rosa se assustou quando Kleberson comentou certinho o que o padre havia falado e também de tudo que aconteceu durante à missa.

 

Ela estranhou Kleberson não ter reclamado, pelo contrário aparentava estar muito feliz.

 

Kleberson por sua vez, em um primeiro momento, sem entender absolutamente nada do que viu e sentiu durante a missa, resolveu guardar para ele àqueles sentimentos.

 

Passados alguns momentos uma certeza tomou conta dele, em seu âmago ele sabia que lhe foi permitido ver, o que verdadeiramente de fato ocorre no mundo espiritual durante uma missa. Sabia também que o mesmo deveria ocorrer durante o culto da sua Igreja e assim como de todas as demais religiões, e que para ele àquelas pessoas eram na verdade anjos.

 

Então encarou aquilo como uma revelação íntima. E a partir daquele dia, ele tomou uma decisão, que foi muito bem aceita por Rosa.

 

Ficou combinado entre eles, que um domingo iriam à missa de manhã e no outro iriam ao culto à noite, e ainda que sempre que um quisesse ir ao estádio assistir ao jogo do seu time de coração o outro iria acompanhar de bom grado.

 

E, dessa forma, o casal acabou com àquelas discussões de domingo, que passou a ser o dia da semana que esperavam ansiosos.

 

Um beijo no coração e que Deus nos abençoe hoje e sempre.

 

Silvio K. Jr.