Maria
Antonieta, 38 anos, conhecida socialite Campineira, famosa pela sua espontaneidade,
riso fácil e amigável, mas, principalmente era reconhecida pelos seus porres homéricos
e gafes monumentais, enfim, ela era a alegria das festas.
Infelizmente
foi encontrada morta em seu apartamento, o laudo da autópsia constou como sendo
a causa mortis, overdose de cocaína. O médico responsável ainda atestou que ela
se encontrava grávida de quatro meses.
Uma tristeza
momentânea, porém, verdadeira, recaiu sobre a badalada alta sociedade de Campinas
– SP., realmente Maria Antonieta era muito querida.
Uma
dúvida estava na cabeça de todos, quem seria o pai da criança que ela carregava
em seu ventre. Muitas especulações surgiram. A polícia fez o DNA do feto para
futuras averiguações que se fizessem necessárias, mas deu como encerrada a investigação.
Embora
morasse sozinha, Maria Antonieta tinha mãe e irmãos, todos moradores de Campo Grande
– MS., sendo que a sua irmã mais velha Margareth era sua confidente. O anúncio
da sua morte causou muito pesar na família, que embora residentes em cidades
distantes eram muito próximos, eles não se conformavam, em especial Margareth,
que sabia dos planos da irmã e que embora gostasse de beber nas festas,
praticamente era abstêmia fora delas, usuária de drogas então, muito menos.
Passada
uma semana da morte, sua irmã, procurou a polícia de Campinas - SP., para
contar o histórico da irmã e principalmente sobre quem era o pai da criança e qual
era a real posição dele sobre o fato dela estar grávida. A delegada que a atendeu tomou um choque
quando da revelação do nome, de antemão já sabia, que se essa informação
vazasse, ela teria muito trabalho pela frente. Sabia também, que a família de
Maria Antonieta, abastados pecuaristas de Mato Grosso do Sul, já tinha contratado
um renomado investigador policial que de imediato encontrou falhas na precipitada
decisão da polícia de Campinas de ter posto um fim na investigação.
Como
nada fica em segredo no Brasil, logo um boato sobre a paternidade da criança se
espalhou pela cidade, causando grande reboliço, principalmente na família de
Jerônimo. Um dos industriais mais bem sucedidos do Brasil, diretor de um
conglomerado de indústrias, ele estava na berlinda. Sua esposa, já o havia
colocado contra a parede, exigiu-lhe a verdade, o que não foi negado. A
situação de Jerônimo era difícil, pois toda a riqueza que ele ajudou a quintuplicar
era da família da esposa, sendo o seu sogro o atual presidente da empresa.
A
delegada responsável pelo caso, conseguiu na justiça que o industrial fosse
obrigado a fazer o teste de DNA., que deu positivo. A partir dai uma nova linha
de investigação foi aberta, para saber se Jerônimo tinha ou não envolvimento
com a morte de Maria Antonieta e do agora também seu filho.
O
investigador particular contratado pela família de Maria Antonieta, havia tomado
outro rumo nas investigações, sabedor de toda a história, não resolveu perder
tempo com Jerônimo, embora o considerasse culpado, sabia que dificilmente
pessoas desse nível sujam as mãos, normalmente contratam alguém.
Assim
as duas investigações corriam em paralelo, a delegada ouvia o acusado e a sua
família, enquanto o investigador corria pelo submundo de Campinas. A delegada ouviu
de Jerônimo, que fora um caso esporádico, que infelizmente ela engravidou, mas,
que Maria Antonieta não havia feito nenhuma exigência, alegando que criaria a
criança sozinha, rompendo relação com ele, a delegada sabia pelo depoimento da
irmã e também pelos e-mails apurados no computador da agora vítima e que foram trocados
entre eles, que a posição dele realmente era outra; Sem falar a respeito, a
delegada deu-lhe nova chance de mudar o seu depoimento, o que não foi feito.
O
investigador, finalmente chegou até uma pista que poderia levá-lo ao autor do
crime, tratava-se de um conhecido traficante, que fornecia aos ricos da cidade,
parece que ele havia comentado que um crime tinha sido encomendado a um assassino
de outro Estado. Assim que conseguiu ficar frente a frente com o traficante,
foi sincero com ele, sei que você não é o autor, quero que saiba que o que vamos
conversar fica aqui, que eu preciso de uma informação, que se ela for quente, dinheiro
não é problema. Saiu de lá, apenas com o um nome e um Estado, João-Tinhoso de Sergipe.
A
delegada diante das evidências, principalmente dos e-mails trocados por
Jerônimo e Maria Antonieta, não tinha mais dúvidas do envolvimento dele na
morte da socialite, porém, faltavam alguns detalhes fundamentais para poder
fechar a investigação.
Passado
um mês, finalmente o investigador consegue depois de muito custo, encontrar no
interior de Sergipe, João-Tinhoso. De imediato achou que tinha ido ao encontro
da pessoa errada, ou que era um golpe para testá-lo, pois tratava-se de um jovem
muito bem afeiçoado e inteligente, nem de longe lembra a figura de um assassino
como conhecemos ou imaginamos. Para se aproximar, o investigador usou o
pretexto de contratar os seus serviços, e somente depois de muita insistência,
conseguiu através da internet, marcar o encontro. Depois de revelado o motivo
do encontro, o jovem assassino se transformou, achou que tinha sido apanhado
pela polícia, tentou fugir, mas foi detido pelo investigador que estava armado
e acompanhado de mais quatro seguranças, ele foi claro na pergunta, eu sei o
seu preço, esta aqui o dinheiro, de você eu só quero o nome do mandante do assassinato.
De
volta a Campinas o investigador procura pela delegada, que lhe disse não ter
dúvidas do envolvimento de Jerônimo. O investigador com toda a calma, diz a
delegada que ela está redondamente equivocada, que o assassino de Maria Antonieta
foi o sogro de Jerônimo.
A
delegada desacreditou de imediato, mas diante da certeza do renomado
investigador, resolveu chamar o sogro para depor, que sucumbiu as evidências
apresentadas, confessando o crime. Alegou que Jerônimo o havia procurado,
contado do ocorrido, que estava apaixonado por Maria Antonieta, que iria se
divorciar e abandonar os negócios da família. Pensou que se Maria Antonieta
viesse a morrer, nada disso aconteceria, sua filha nunca ficaria sabendo e os
negócios continuariam bem. Esse foi o maior erro que ele cometeu, hoje aos 70
anos, está preso, e de dentro do presídio acompanha a derrocada da sua família,
Jerônimo se foi, sua filha se suicidou, a família se dividiu, as empresas foram
cindidas e muitas faliram.
Pela
primeira vez em sua vida, pensou em Deus. Sem dúvida o orgulho, a vaidade e o
egoísmo, são como rachaduras em nossa alma, e Deus utiliza-se até mesmo delas
para iluminar os pensamentos mais sombrios.
Silvio
Klinguelfus Júnior
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