Deus tocou o meu coração e minha alma,
abrindo meus olhos para a verdadeira essência da vida.

6 de maio de 2020

MORTE NA ALTA SOCIEDADE





Maria Antonieta, 38 anos, conhecida socialite Campineira, famosa pela sua espontaneidade, riso fácil e amigável, mas, principalmente era reconhecida pelos seus porres homéricos e gafes monumentais, enfim, ela era a alegria das festas.

Infelizmente foi encontrada morta em seu apartamento, o laudo da autópsia constou como sendo a causa mortis, overdose de cocaína. O médico responsável ainda atestou que ela se encontrava grávida de quatro meses.

Uma tristeza momentânea, porém, verdadeira, recaiu sobre a badalada alta sociedade de Campinas – SP., realmente Maria Antonieta era muito querida.

Uma dúvida estava na cabeça de todos, quem seria o pai da criança que ela carregava em seu ventre. Muitas especulações surgiram. A polícia fez o DNA do feto para futuras averiguações que se fizessem necessárias, mas deu como encerrada a investigação.

Embora morasse sozinha, Maria Antonieta tinha mãe e irmãos, todos moradores de Campo Grande – MS., sendo que a sua irmã mais velha Margareth era sua confidente. O anúncio da sua morte causou muito pesar na família, que embora residentes em cidades distantes eram muito próximos, eles não se conformavam, em especial Margareth, que sabia dos planos da irmã e que embora gostasse de beber nas festas, praticamente era abstêmia fora delas, usuária de drogas então, muito menos.

Passada uma semana da morte, sua irmã, procurou a polícia de Campinas - SP., para contar o histórico da irmã e principalmente sobre quem era o pai da criança e qual era a real posição dele sobre o fato dela estar grávida.  A delegada que a atendeu tomou um choque quando da revelação do nome, de antemão já sabia, que se essa informação vazasse, ela teria muito trabalho pela frente. Sabia também, que a família de Maria Antonieta, abastados pecuaristas de Mato Grosso do Sul, já tinha contratado um renomado investigador policial que de imediato encontrou falhas na precipitada decisão da polícia de Campinas de ter posto um fim na investigação.

Como nada fica em segredo no Brasil, logo um boato sobre a paternidade da criança se espalhou pela cidade, causando grande reboliço, principalmente na família de Jerônimo. Um dos industriais mais bem sucedidos do Brasil, diretor de um conglomerado de indústrias, ele estava na berlinda. Sua esposa, já o havia colocado contra a parede, exigiu-lhe a verdade, o que não foi negado. A situação de Jerônimo era difícil, pois toda a riqueza que ele ajudou a quintuplicar era da família da esposa, sendo o seu sogro o atual presidente da empresa.

A delegada responsável pelo caso, conseguiu na justiça que o industrial fosse obrigado a fazer o teste de DNA., que deu positivo. A partir dai uma nova linha de investigação foi aberta, para saber se Jerônimo tinha ou não envolvimento com a morte de Maria Antonieta e do agora também seu filho.

O investigador particular contratado pela família de Maria Antonieta, havia tomado outro rumo nas investigações, sabedor de toda a história, não resolveu perder tempo com Jerônimo, embora o considerasse culpado, sabia que dificilmente pessoas desse nível sujam as mãos, normalmente contratam alguém.

Assim as duas investigações corriam em paralelo, a delegada ouvia o acusado e a sua família, enquanto o investigador corria pelo submundo de Campinas. A delegada ouviu de Jerônimo, que fora um caso esporádico, que infelizmente ela engravidou, mas, que Maria Antonieta não havia feito nenhuma exigência, alegando que criaria a criança sozinha, rompendo relação com ele, a delegada sabia pelo depoimento da irmã e também pelos e-mails apurados no computador da agora vítima e que foram trocados entre eles, que a posição dele realmente era outra; Sem falar a respeito, a delegada deu-lhe nova chance de mudar o seu depoimento, o que não foi feito.

O investigador, finalmente chegou até uma pista que poderia levá-lo ao autor do crime, tratava-se de um conhecido traficante, que fornecia aos ricos da cidade, parece que ele havia comentado que um crime tinha sido encomendado a um assassino de outro Estado. Assim que conseguiu ficar frente a frente com o traficante, foi sincero com ele, sei que você não é o autor, quero que saiba que o que vamos conversar fica aqui, que eu preciso de uma informação, que se ela for quente, dinheiro não é problema. Saiu de lá, apenas com o um nome e um Estado, João-Tinhoso de Sergipe.

A delegada diante das evidências, principalmente dos e-mails trocados por Jerônimo e Maria Antonieta, não tinha mais dúvidas do envolvimento dele na morte da socialite, porém, faltavam alguns detalhes fundamentais para poder fechar a investigação.

Passado um mês, finalmente o investigador consegue depois de muito custo, encontrar no interior de Sergipe, João-Tinhoso. De imediato achou que tinha ido ao encontro da pessoa errada, ou que era um golpe para testá-lo, pois tratava-se de um jovem muito bem afeiçoado e inteligente, nem de longe lembra a figura de um assassino como conhecemos ou imaginamos. Para se aproximar, o investigador usou o pretexto de contratar os seus serviços, e somente depois de muita insistência, conseguiu através da internet, marcar o encontro. Depois de revelado o motivo do encontro, o jovem assassino se transformou, achou que tinha sido apanhado pela polícia, tentou fugir, mas foi detido pelo investigador que estava armado e acompanhado de mais quatro seguranças, ele foi claro na pergunta, eu sei o seu preço, esta aqui o dinheiro, de você eu só quero o nome do mandante do assassinato.

De volta a Campinas o investigador procura pela delegada, que lhe disse não ter dúvidas do envolvimento de Jerônimo. O investigador com toda a calma, diz a delegada que ela está redondamente equivocada, que o assassino de Maria Antonieta foi o sogro de Jerônimo.

A delegada desacreditou de imediato, mas diante da certeza do renomado investigador, resolveu chamar o sogro para depor, que sucumbiu as evidências apresentadas, confessando o crime. Alegou que Jerônimo o havia procurado, contado do ocorrido, que estava apaixonado por Maria Antonieta, que iria se divorciar e abandonar os negócios da família. Pensou que se Maria Antonieta viesse a morrer, nada disso aconteceria, sua filha nunca ficaria sabendo e os negócios continuariam bem. Esse foi o maior erro que ele cometeu, hoje aos 70 anos, está preso, e de dentro do presídio acompanha a derrocada da sua família, Jerônimo se foi, sua filha se suicidou, a família se dividiu, as empresas foram cindidas e muitas faliram.

Pela primeira vez em sua vida, pensou em Deus. Sem dúvida o orgulho, a vaidade e o egoísmo, são como rachaduras em nossa alma, e Deus utiliza-se até mesmo delas para iluminar os pensamentos mais sombrios.

Silvio Klinguelfus Júnior

Nenhum comentário:

Postar um comentário