Deus tocou o meu coração e minha alma,
abrindo meus olhos para a verdadeira essência da vida.

11 de julho de 2020

A TRANSFORMAÇÃO


Estamos em meados do ano de 2.008, o nosso personagem acaba de completar 40 anos, e como diz o ditado popular, é quando a vida começa. Assim nada melhor que um check-up médico, para ver como andam as coisas internamente.

Procurou por um cardiologista que lhe pediu todos os exames necessários, tudo certo com o nosso amigo, passou com louvor nos testes físicos, deixando o médico feliz. Após os exames clínicos de praxe, o Doutor estava fazendo as anotações finais na ficha do paciente, quando este de repente (intervenção Divina) resolve lhe perguntar se havia ocorrido algum caso de câncer na família, cuja resposta fora afirmativa. Diante disso o Doutor esclarece que irá solicitar mais um exame, que normalmente é feito a partir dos 50 anos, mas dado o histórico, é melhor fazê-lo nesse momento, trata-se de um exame chato, o nome dele é colonoscopia.

O resultado desse exame não podia ser mais avassalador, o câncer foi detectado, e naquele momento começa uma nova etapa na vida do nosso amigo.

O tempo seguiu implacável, após alguns meses tudo estava confirmado, o câncer já havia saído da parede do intestino, cirurgias seriam necessárias, assim como todo o tratamento radiológico e quimioterápico, sua chance de cura batia os 30%.

Nesse interim, onde nuvens escuras se formaram em sua vida, ele percebeu que algo estava faltando. Para uma pessoa com uma visão materialista do mundo, isso lhe soava muito estranho, não era ateu, mas, um atoa, assim como milhões de brasileiros, teve uma formação religiosa nos tempos de criança, porém, totalmente inoperante em sua vida.

Procurando atender aquele anseio que carregava em seu coração, finalmente procurou por ajuda espiritual, infelizmente as portas não se abriram, como se fosse um castigo pelos anos que se manteve afastado, até que uma ajuda veio de onde ele menos esperava, um até então colega, lhe disse, não é Deus que lhe abre as portas e muitos menos pessoas, é você que deve convidá-lo a entrar e fazer parte da tua vida.

E aquele colega, se tornou um amigo e um irmão, pegou em suas mãos e o orientou em seus primeiros passos, e assim, um novo mundo se abriu diante dos seus olhos e a certeza que não estava mais sozinho lhe deu novo ânimo de lutar pela sua vida.

Sem dúvida alguma, foi necessário ser nocauteado, ter beijado a lona, para que pudesse a voltar a enxergar a verdadeira essência da vida.

O tratamento foi árduo não apenas para ele, mas principalmente para sua esposa e filha, que passaram juntas por todo o sofrimento, entretanto, havia uma luz diferente brilhando naquele lar, não mais existiam as nuvens escuras de outrora, e a paz ali reinava.

Depois de exatamente nove meses, o seu tratamento chegou ao final. Nasceu ali uma pessoa melhor. Saiu chamuscado é bem verdade, cheio de sequelas que lhe acompanharão para o resto de sua vida. “E por mais paradoxal e incrível que isso possa parecer, o mal que o câncer lhe causou, nem se aproxima do bem que ele lhe trouxe.” Essa frase quem disse foi o ex-vice presidente da República José de Alencar, durante um tratamento de câncer idêntico, que o levou a óbito. Aliás, quando o nosso personagem a ouviu, o seu tratamento estava na fase inicial e imaginou que aquele homem só podia estar louco, e, entretanto, hoje carrega essa frase como uma lição de vida.

Pelo vale da sombra da morte caminhou, porém, sempre acompanhado, ali aprendeu e apreendeu lições para a eternidade, reviu a sua vida como em um filme, não gostou do que assistiu, e, de volta a vida retornou, e nesse período de moratória, um novo roteiro escreveu.

Aprendeu que a fé, embora seja uma palavra bem pequena, tem uma força transformadora inacreditável. Basicamente, a crença é acreditar naquilo que não vemos. A fé nada mais é do que uma crença, entretanto, ela tem um fator a mais, que é a "CONFIANÇA”. Então além de crer você confia, isso é fé.

Hoje segue escrevendo a sua história, tentando ser hoje, melhor que ontem e a amanhã melhor que hoje, esquecendo o mal, crendo no bem e servindo com amor.

Graças a Jesus.

Graças a Deus.

Silvio Klinguelfus Júnior.


4 de julho de 2020

AMIZADE...



Cacá e Binho esses dois nunca deram certo desde a infância, viviam se estranhando.

Antigamente não havia o muro invisível que há hoje, separando os ricos dos pobres, todos estudavam em escola pública, a única diferença entre eles, era a possibilidade de uma viagem ao exterior ou ainda cursos de aperfeiçoamento, mas a base educacional era a mesma para todos.

Assim final dos anos 70 e início dos anos 80, Cacá e Binho cresciam a olhos vistos. Cacá filho de um grande empresário da cidade e Binho filho de um pequeno agricultor rural, aliás, zona rural era uma coisa muito comum nas cidades do interior, então as famílias que moravam na zona rural das cidades e que se importavam com a educação dos seus filhos, se esforçavam para enviá-los até as escolas.

Foi assim que esses dois se conheceram e se desentenderam desde o primeiro ano do primário, até parecia que havia algo maior que impedisse eles de serem amigos, o tempo passou e o ginásio chegou e com ele um mundo de novas descobertas, embora completamente diferentes, tanto em atitudes como no biotipo, eles possuíam algo em comum, as garotas.

Cacá fazia o tipo filhinho da mamãe, sempre muito bem cuidado, perfumado e educado, embora fosse pequeno, era atlético e as meninas simplesmente o adoravam. Binho por sua vez, era meio largado, cabelos sempre compridos, tez bronzeada pelo trabalho no campo, e as garotas também o adoravam.

Nos esportes, competiam em todas as modalidades que a escola oferecia, basquete, vôlei, handebol e futebol de salão, e naturalmente eram antagonistas, e sempre que a escola ia participar de algum campeonato um dos dois sempre ficava de fora, até os professores sabiam que essa dupla não dava liga.

Cacá ia para escola em sua mobylette e sempre dava carona para alguma menina, mas Binho não ficava para trás, ele vinha para a aula montado em sua égua mangalarga de nome Esmeralda, que ganhará de presente de aniversário de um tio, sempre bem cuidada a égua fazia tanto sucesso entre as meninas que faziam fila para dar uma voltinha com Binho.

Quando havia festa de aniversário de algum colega em comum, Binho sempre era o mais popular entre os amigos, já Cacá adorava conversar com os pais e a família do aniversariante, chegava a ser impressionante a desenvoltura dele junto as pessoas mais velhas, parecia um adulto, sabia conversar sobre todos os assuntos, dava opiniões políticas e sem dúvida alguma era o queridinho de todos os pais de meninas, que adorariam tê-lo como genro.

Esse que vos conta essa história era um amigo em comum desses dois personagens. Muito prazer eu sou o Paulinho. Ambos frequentavam a minha casa e eu a deles, nossos pais eram amigos, não havia nada que impedisse a nossa amizade, as visitas sempre eram em dias diferentes, para evitar situações desagradáveis. Infelizmente, existia um agente complicador nessa nossa amizade, minha irmã Rosinha, os dois viviam arrastando asas para ela, que adorava.

Rosinha começou a namorar Cacá na época do Colegial, com isso Binho se afastou da minha casa e já não mais me convidava para ir a dele, o tempo foi passando o namoro de Cacá e Rosinha não deu certo. E Cacá por motivos óbvios também deixou de frequentar a minha casa e eu a dele.

A nossa amizade esfriou, mas não a competição entre eles, que acabou indo parar em uma delegacia, os dois saíram no tapa, durante a festa de debutante da Patrícia, a menina mais bonita da escola.

O colegial terminou e todos seguiram o seu caminho, Cacá se formou em Direito se casou com Patrícia àquela menina que era a mais bonita da escola, e Binho se formou Engenheiro Agrônomo e acabou se casando com Rosana a menina  mais linda da cidade que foi até miss e filha de um político muito poderoso. Quanto a mim, fiz jornalismo, me casei, tive um casal de filhos e fundei um Jornal que cresceu junto com a cidade.

Seguia a ano de 2.019, estava eu curtindo a praia em um Resort na Bahia com a minha esposa, quando olho dois rapazes se beijando a beira-mar, de repente eles se viram em nossa direção, acenam e começam vir até nós, a princípio achei que não era comigo, coloquei meus óculos, tirei os óculos, olhei para a minha esposa, limpei os óculos, coloquei os óculos novamente, simplesmente não acreditava no que eu estava vendo, Binho e Cacá juntos.

Mas, imediatamente eu entendi toda aquela antipatia entre eles, na verdade era amor.

Binho e Cacá agora são um casal e nós o casal de amigos que viajam juntos para todos os lados desde então...

Silvio Klinguelfus Júnior