Deus tocou o meu coração e minha alma,
abrindo meus olhos para a verdadeira essência da vida.

4 de julho de 2020

AMIZADE...



Cacá e Binho esses dois nunca deram certo desde a infância, viviam se estranhando.

Antigamente não havia o muro invisível que há hoje, separando os ricos dos pobres, todos estudavam em escola pública, a única diferença entre eles, era a possibilidade de uma viagem ao exterior ou ainda cursos de aperfeiçoamento, mas a base educacional era a mesma para todos.

Assim final dos anos 70 e início dos anos 80, Cacá e Binho cresciam a olhos vistos. Cacá filho de um grande empresário da cidade e Binho filho de um pequeno agricultor rural, aliás, zona rural era uma coisa muito comum nas cidades do interior, então as famílias que moravam na zona rural das cidades e que se importavam com a educação dos seus filhos, se esforçavam para enviá-los até as escolas.

Foi assim que esses dois se conheceram e se desentenderam desde o primeiro ano do primário, até parecia que havia algo maior que impedisse eles de serem amigos, o tempo passou e o ginásio chegou e com ele um mundo de novas descobertas, embora completamente diferentes, tanto em atitudes como no biotipo, eles possuíam algo em comum, as garotas.

Cacá fazia o tipo filhinho da mamãe, sempre muito bem cuidado, perfumado e educado, embora fosse pequeno, era atlético e as meninas simplesmente o adoravam. Binho por sua vez, era meio largado, cabelos sempre compridos, tez bronzeada pelo trabalho no campo, e as garotas também o adoravam.

Nos esportes, competiam em todas as modalidades que a escola oferecia, basquete, vôlei, handebol e futebol de salão, e naturalmente eram antagonistas, e sempre que a escola ia participar de algum campeonato um dos dois sempre ficava de fora, até os professores sabiam que essa dupla não dava liga.

Cacá ia para escola em sua mobylette e sempre dava carona para alguma menina, mas Binho não ficava para trás, ele vinha para a aula montado em sua égua mangalarga de nome Esmeralda, que ganhará de presente de aniversário de um tio, sempre bem cuidada a égua fazia tanto sucesso entre as meninas que faziam fila para dar uma voltinha com Binho.

Quando havia festa de aniversário de algum colega em comum, Binho sempre era o mais popular entre os amigos, já Cacá adorava conversar com os pais e a família do aniversariante, chegava a ser impressionante a desenvoltura dele junto as pessoas mais velhas, parecia um adulto, sabia conversar sobre todos os assuntos, dava opiniões políticas e sem dúvida alguma era o queridinho de todos os pais de meninas, que adorariam tê-lo como genro.

Esse que vos conta essa história era um amigo em comum desses dois personagens. Muito prazer eu sou o Paulinho. Ambos frequentavam a minha casa e eu a deles, nossos pais eram amigos, não havia nada que impedisse a nossa amizade, as visitas sempre eram em dias diferentes, para evitar situações desagradáveis. Infelizmente, existia um agente complicador nessa nossa amizade, minha irmã Rosinha, os dois viviam arrastando asas para ela, que adorava.

Rosinha começou a namorar Cacá na época do Colegial, com isso Binho se afastou da minha casa e já não mais me convidava para ir a dele, o tempo foi passando o namoro de Cacá e Rosinha não deu certo. E Cacá por motivos óbvios também deixou de frequentar a minha casa e eu a dele.

A nossa amizade esfriou, mas não a competição entre eles, que acabou indo parar em uma delegacia, os dois saíram no tapa, durante a festa de debutante da Patrícia, a menina mais bonita da escola.

O colegial terminou e todos seguiram o seu caminho, Cacá se formou em Direito se casou com Patrícia àquela menina que era a mais bonita da escola, e Binho se formou Engenheiro Agrônomo e acabou se casando com Rosana a menina  mais linda da cidade que foi até miss e filha de um político muito poderoso. Quanto a mim, fiz jornalismo, me casei, tive um casal de filhos e fundei um Jornal que cresceu junto com a cidade.

Seguia a ano de 2.019, estava eu curtindo a praia em um Resort na Bahia com a minha esposa, quando olho dois rapazes se beijando a beira-mar, de repente eles se viram em nossa direção, acenam e começam vir até nós, a princípio achei que não era comigo, coloquei meus óculos, tirei os óculos, olhei para a minha esposa, limpei os óculos, coloquei os óculos novamente, simplesmente não acreditava no que eu estava vendo, Binho e Cacá juntos.

Mas, imediatamente eu entendi toda aquela antipatia entre eles, na verdade era amor.

Binho e Cacá agora são um casal e nós o casal de amigos que viajam juntos para todos os lados desde então...

Silvio Klinguelfus Júnior



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