Deus tocou o meu coração e minha alma,
abrindo meus olhos para a verdadeira essência da vida.

21 de maio de 2024

REENCONTRO

 

Entre pombas e rolinhas, um filme holandês e uma sopa de ervilhas com lentilhas, me reencontrei com a minha mãe.

Calma!

Não é nada disso que estão pensando.

Não estou ficando louco, muito menos sou usuário de drogas.

Noite passada tive um sonho totalmente aleatório, porém, me lembro nitidamente de cada detalhe dele, fato raríssimo de acontecer comigo.

Durante o sono fui levado para o outro lado da vida, chegamos a uma espécie de cinema, como os de antigamente, daqueles que cabiam 3.000 pessoas ou mais, o prédio era enorme e lindíssimo, chegando ao hall de entrada, logo um senhor me dirigiu até a entrada da sala e fez menção de me acompanhar até o meu lugar, entretanto, eu declinei e disse que sentaria na última fileira e também na última poltrona localizada bem perto da saída, quem me conhece sabe que é exatamente assim que eu ajo nos lugares que vou.

Pois bem, dentro da sala que já estava praticamente lotada, o silêncio vibrava em harmonia, e lá na frente em cima do palco, havia uma mesa com quatro cadeiras viradas para a plateia, logo se sentaram quatro pessoas e começaram uma a uma a falar se dirigindo ao público, entretanto, era um idioma que eu desconhecia totalmente, quando do nada, observo um passarinho, mais precisamente uma rolinha, voando em minha direção, ela calmamente aterriza na cabeceira da minha poltrona e começa a chilrear muito alto ao meu lado, aquilo começou a me incomodar, resolvi então mudar de lugar, muito a contragosto a bem da verdade, comecei a descer o corredor lateral da sala que a essa altura estava lotada, olhando mais atentamente observei que havia uma poltrona vaga, bem na lateral da primeira fila, e ali me sentei. Não se passou nem um minuto e observo uma pomba sair por de trás do palco, tal qual a rolinha, veio aterrizar na cabeceira da minha poltrona e começou a arrulhar ao meu lado. Em vão eu tentava me concentrar nos palestrantes, que falavam em um idioma desconhecido e agora essa pomba me atazanando, olhei para trás e duas fileiras acima e havia uma poltrona vaga bem no meio da fileira, não pensei duas vezes e me mudei para lá.

Nem bem me sentei, senti uma mão pegar na minha, ao olhar para a pessoa, qual não foi a minha surpresa ao me deparar com a minha mãe, estava jovem e radiante como jamais a vi, ela me olhou com carinho, passou as suas mãos em meu rosto, me abraçou e quando eu fui falar, ela me fez um sinal para fazer silêncio, um filme começou a passar em uma TV de tela plana, não maior que 60 polegadas, não acreditava como eu conseguia ver tão nitidamente (não enxergo nada de longe), mesmo estando a uns bons metros de distância, pude ver na abertura do filme se tratar de um filme Holandês, sem tradução, olhei para minha mãe e para plateia e todos estavam concentrados, hora choravam e ora sorriam, quanto a mim, estava feliz por estar ao lado dela e não largava a sua mão por nada.

O palestrante, parou o filme e disse que faríamos um breve intervalo. Pensei, ótimo, agora vou conseguir falar com a minha mãe, porém, ela se levantou, fez novamente um sinal com as mãos para eu esperar. Logo ela estava de volta com um prato de sopa de ervilhas com lentilhas, argumentei não estar com fome (odeio ervilhas e lentilhas e ela sabe muito bem disso) e que queria falar com ela, entretanto, novo sinal para que eu experimentasse a bendita sopa. No que eu coloquei a colher na boca, acordei.

Refletindo comigo mesmo sobre o ocorrido, era óbvio que eu fui levado até para me reencontrar com a minha mãe e que eu deveria ter me sentado desde o início ao lado dela, mas como fui teimoso, mandaram os pássaros, para que me fizessem mudar de lugar, até chegar aonde era de fato o meu lugar, como também é nítido para mim que recebi um presente de Deus. Poder reencontrar com a minha mãe, mesmo sem trocar uma palavra sequer, porém, trocar olhares e sentir o seu afago, não tem preço.

Só não entendi a sopa de ervilhas com lentilhas, devia ser uma espécie de chave para me trazer de volta, pois do contrário, não haveria nada que me trouxesse de livre vontade de volta.

Só tenho a dizer, até breve mãe, eu te amo.

Silvio K. Jr.

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