Bom dia.
Em meados do ano 2.000, durante um atendimento, acabei conhecendo um diretor de uma multinacional japonesa.
Eu já havia conversado algumas vezes com o seu assistente e estava tudo certo para ir colher a assinatura dele na empresa, entretanto, como esse diretor fora convidado para almoçar em um restaurante que por coincidência, ficava a menos de 100 metros do antigo prédio do Cartório, pediu ao seu assistente que me avisasse, que ele iria passar assinar a escritura.
E assim o fez. Ao entrar no Cartório, se apresentou em um português corretíssimo, quase sem sotaque, mesmo estando a pouco menos de 03 anos morando no país, tal atitude demonstrava claramente o quanto ele se importava em aprender.
A educação então! Beirava ao absurdo.
Conversamos de maneira cordial e não sei bem por qual motivo, mas gostamos um do outro.
Então ele pediu para tirar uma foto nossa para recordação.
Eu me sentei na cadeira posicionada atrás da minha mesa e ele ficou em pé ao meu lado e o motorista dele bateu uma foto com uma máquina fotográfica digital.
Nos despedimos e a vida seguiu.
Passados alguns dias, não deu nem uma semana, recebi por e-mail a nossa foto e ele escreveu:
"Silvio, foi um prazer conhecê-lo. Se eu pudesse lhe dar um conselho, gostaria que observasse nessa foto como é a organização da sua mesa. Veja, por mais que você se esforce para passar credibilidade é praticamente impossível confiar que o seu trabalho possa ter qualidade, diante de tamanha quantidade de documentos em cima dela."
E ele prosseguiu:
"Em anexo, um pequeno estudo que eu mesmo fiz para a minha empresa, baseado em um programa japonês , chamado 5S. Já ouviu falar?"
E finalizou:
"Silvio, novamente foi um prazer conhecê-lo, espero que aproveite o texto e que lhe inspire a estudar mais a fundo o assunto, e gostaria de tirar uma nova foto nossa no mesmo lugar daqui um ano, se me permitir."
Àquele pequeno estudo (umas 05 páginas no máximo) que ele me enviou, mudou a minha forma de enxergar as coisas do mundo corporativas e transformou a minha vida para melhor.
Logo em seguida, fiz mudanças significativas, a principal delas é que, desde então, quando vou atender quem quer que seja, em cima da minha mesa, apenas os documentos apresentados pela parte e mais nada.
Querendo ou não, infelizmente todos nós somos avaliados constantemente, uma pessoa ao entrar em nosso ambiente de trabalho, intuitivamente corre os olhos pela sala, e mesmo sem querer, ela faz uma avaliação mental a respeito da organização, do asseio e principalmente da nossa postura comportamental.
A respeito da segunda foto, ela acabou não ocorrendo, pois ele veio a falecer alguns meses depois, vítima de um acidente automobilístico.
Mas a lição permaneceu.
Silvio K. Jr.